Sumaia Vilela / Agência Brasil |
A Organização Mundial da Saúde (OMS) oficializou,
nesta quarta-feira, a indicação do Laboratório de Vírus Respiratórios e do
Sarampo da Fiocruz (Instituto Oswaldo Cruz) como laboratório de referência para
o combate ao novo coronavírus nas Américas.
O laboratório da Fiocruz, que já era referência
junto à OMS para vírus do tipo Influenza, estava encarregado pelo governo
federal de testar amostras e capacitar outras instituições do país para também
realizarem exames de Covid-19.
A partir de agora, a Fiocruz poderá receber
amostras de Covid-19 de outros países da região para promover o sequenciamento
genético do novo coronavírus, identificar mutações e aprofundar estudos que
possam levar ao desenvolvimento de uma vacina e ao aprimoramento de
diagnósticos, além de testes de medicamentos.
Além do laboratório da Fiocruz, apenas o Centro de
Controle e Prevenção de Doenças (CDC), ligado ao governo dos Estados Unidos,
atua como referência da OMS no combate ao novo coronavírus no continente
americano.
Segundo a chefe do laboratório da Fiocruz, Marilda
Siqueira, a indicação por parte da OMS coloca o Brasil em posição de maior
destaque na comunidade internacional em esforços na área de saúde pelo
enfrentamento do vírus, que já causou mais de 1,4 milhão de mortes em todo o
mundo.
- Tudo isso faz com que os dados gerados no Brasil
tenham força e representatividade para influenciar as análises globais sobre a
situação dos vírus influenza e, agora também, do coronavírus - afirmou a
pesquisadora.
A Fiocruz havia sido escolhida pela OMS, no fim de
março, para liderar um ensaio clínico no Brasil, envolvendo 18 hospitais de 12
estados, com o objetivo de avaliar questões como o uso de medicamentos no
combate ao coronavírus. A instituição vem fazendo testes, por exemplo, sobre a
eficácia contra o Covid-19 de medicamentos usados no tratamento do vírus HIV.
No início do ano, em meio ao avanço de casos de
Covid-19 na China, o laboratório da Fiocruz instaurou protocolos de diagnóstico
do novo coronavírus junto à OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde).
A partir daí, o laboratório atuou no treinamento e
capacitação de outros centros de diagnóstico no país, como o Instituto Adolfo Lutz,
em São Paulo, que detectou o primeiro caso confirmado de coronavírus no país,
em 26 de fevereiro, e publicou dois dias depois o primeiro sequenciamento do
vírus na América do Sul.
No total, a Fiocruz atuou na capacitação de ao
menos 13 laboratórios no país para testagem e diagnóstico de Covid-19, além de
outros nove países da América Latina. Com a oficialização como referência no
continente, a Fiocruz poderá receber amostras inclusive para confirmações de
óbitos e apoio a países com menor estrutura, como o Equador, que vive um avanço
de casos e uma sobrecarga do seu sistema de saúde.
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