quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

REDE PETECA PROMOVE SEMINÁRIO SOBRE TRABALHO INFANTIL EM SÃO PAULO-SP


A Rede Peteca - Chega de trabalho infantil convida para o SEMINÁRIO TRABALHO INFANTIL EM SÃO PAULO
Controle Social e MonitoramentoO evento marca o encerramento do projeto Chega de Trabalho Infantil, inciativa da Rede Peteca, frente da Cidade Escola Aprendiz voltada à prevenção e erradicação do trabalho infantil, com apoio do CMDCA e financiamento do Fumcad.



Data: 05 de março
Horário: 09h às 17h30
Local: Sociedade Santos Mártires - Rua Luís Baldinato, 9, Jardim Ângela


ENTRADA GRATUITA

DISTRIBUIÇÃO DE EXEMPLARES DO GUIA PASSO A PASSO!

PROGRAMAÇÃO

- 9h às 12h - Oficina de contação de histórias para crianças e adolescentes de CCAs do Jardim Ângela

- 14h às 15h30 - Painel "Monitoramento das políticas públicas e espaços de participação"

- 15h30 às 17h30 - Painel "Controle Social: O papel da sociedade civil na prevenção e erradicação do trabalho infantil"

Para fazer sua inscrição acesse bit.ly/seminariotiemsp

Se tiver alguma dúvida, fale com a organização do evento através do e-mail: seminariotisp@aprendiz.org.br. 




quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

NÃO SE PODE FALAR DE POBREZA E VIVER COMO UM FARAÓ, ADVERTE PAPA FRANCISCO

VIRADOURO É CAMPEÃ DO RIO COM SAMBA SOBRE MULHERES, ESCRAVIDÃO E RESISTÊNCIA


Após 23 anos, a Viradouro sai de "alma lavada" com a grande campeã do carnaval 2020, no Rio de Janeiro. Foi o segundo título obtido pela escola de Niterói.  O primeiro foi conquistado em 1997. A disputa foi muito acirrada,  e com reviravoltas. No final da apuração, a Viradouro obteve mesma a pontuação da Grande Rio (269,6|), porém ganhou pelo critério de desempate, por ter tido melhor nota no quesito evolução. 

O enredo "Viradouro de alma lavada" falou sobre o grupo das Ganhadeiras de Itaupã, quinta geração de mulheres que lavavam roupa na Lagoa do Abaeté e faziam outros serviços em Salvador em busca da compra de sua alforria.

"Quando a gente viu esse enredo, a gente se apaixonou, uma história representativa, uma história muito bonita, que nos honrou muito fazer" disse o presidente da Viradouro, Marcelo Calil.

A escola contou com apoio de R$ 2,5 milhões da Prefeitura de Niterói. Em nota, o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, comemorou o título e disse que o investimento nas agremiações da cidade gera emprego, renda e movimenta a economia. 
A força da mulher negra foi o tema do samba que mostrou lavadeiras de Itapuã, na Bahia. Mulheres escravizadas que vendiam comida e lavavam roupas na Lagoa do Abaeté, em Salvador. Com o dinheiro, compravam a liberdade de outras mulheres escravizadas. O desfile mostrou as atividades que as Ganhadeiras exerciam: lavar roupa, carregar e vender água, cozinhar e vender alimentos, costurar, vender bugigangas etc. Essas mulheres foram exaltadas no desfile como as "primeiras feministas do Brasil", pela força que tiveram para ir atrás da liberdade e pela importância para a cultura da Bahia. O grupo de encerramento se chamava "Lute como uma mulher!", e levou mulheres negras ligadas à pauta feminista para a avenida.
O samba-enredo de Dadinho, Fadico, Rildo Seixas, Manolo, Anderson Lemos, Carlinhos Fionda e Alves fala do grupo musical baiano que surgiu dos cantos, danças, crenças e da força daquelas lavadeiras. 

Ora yê yê o oxum! Seu dourado tem axé
Fiz o meu quilombo no Abaeté
Quem lava a alma desta gente veste ouro
É Viradouro! É Viradouro!

Levanta preta que o Sol tá na janela
Leva a gamela pro xaréu do pescador
A alforria se conquista com o ganho
E o balaio é do tamanho do suor do seu amor

COM HOMENAGEM A PAULO FREIRE, ÁGUIA DE OURO É CAMPEÃ DO CARNAVAL PAULISTA


A Águia de Ouro é a grande campeã do Carnaval 2020 de São Paulo. Motivo de muita comemoração, pois este foi  o primeiro título de escola no Grupo Especial do Carnaval paulista. A apuração aconteceu na tarde desta terça-feira (25). O enredo da escola contou a história da evolução do conhecimento humano e homenageou o educador Paulo Freire.

O desfile da Águia de Ouro mostrou não apenas o lado bom do conhecimento, mas também o seu lado negativo, destacando situações em que o mau uso do conhecimento humano trouxe tragédias, a exemplo do uso de bombas nucleares, como foi o caso do ataque em Hiroshima. 
O quarto setor do desfile exaltou a educação, com um carro em formato de escola que prestava homenagem a Paulo Freire através da frase do educador “não se pode falar de educação sem amor”.
Confira abaixo o samba enredo da campeã, com o título "O poder do saber: Se saber é poder, quem sabe faz a hora, não espera acontecer".
Águia em suas asas vou voar
E no caminho da sabedoria
Páginas da história desvendar!
Sou eu? No elo perdido um desbravador!
O tempo é o meu senhor
Em busca da evolução?
Criar e superar limites da imaginação
A mente dominar
Jamais deixar de Acreditar!
Brincar de Deus? Recriar a vida
Desafiar, Surpreender!
Na explosão a dor, uma lição ficou
Sou aprendiz do criador!
Em cada traço que rabisco no papel
Vou desenhando o meu destino
No horizonte vejo um novo alvorecer
Ao mestre meu respeito e carinho
É nova era, o futuro começou
É tempo de paz, resgatar o valor!
Águia? Razão do meu viver
Berço que Deus abençoou
Nada se compara a esse amor
Meu Coração é Comunidade
Faz o sonho acontecer!
Pompeia guerreira, chegou sua hora
Seu manto reluz o poder do saber É preciso saber viver.

Classificação
1º Águia de Ouro - 269,9
2º Mancha Verde - 269,8
3º Mocidade Alegre - 269,7
4º Acadêmicos do Tatuapé - 269,7
5º Vila Maria - 269,5
6º Dragões da Real - 269,5
7º Rosas de Ouro 269,5
8º Tom Maior - 269,3
9º Império de Casa Verde - 269,2
10º Barroca Zona Sul - 269
11º Gaviões da Fiel - 268,9
12º Colorado do Brás - 268,7
13º X-9 Paulistana 268,4
14º Pérola Negra 267,6

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

MENINO CHORA AO CONHECER IRMÃZINHA QUE PEDIU A DEUS: VÍDEO

“MADRE TERESA DO NEPAL” JÁ SALVOU 18 MIL MENINAS DO TRÁFICO HUMANO

A ativista social nepalesa Anuradha Koirala é comparada por muitos a Madre Teresa de Calcutá. Ela sempre busca ajudar o máximo de pessoas possível. Depois de 20 anos atuando como professora de crianças em Kathmandu, no Nepal, ela resolveu aceitar uma missão de vida mais perigosa e delicada: proteger meninas e mulheres de abuso, tráfico e exploração.
Anuradha se identifica com essas jovens pois foi vítima de abuso psicológico no seu antigo casamento. Desde então, passou a educar as mulheres sobre  violência de género e a importância do empoderamento das mulheres. Até aqui já ajudou muitas mulheres a deixar de mendigar e a conseguir a sua independência.
No início,  o movimento teve pouca adesão. Apenas 8 mulheres aceitaram a sua ajuda. Anuradha deu dinheiro a cada uma para começarem as próprias barraquinhas de rua e conseguirem o próprio sustento. Mas, graças a elas, que contribuíram com uma pequena parte dos seus ganhos, Anuradha conseguiu dar oportunidades econômicas e segurança a outras mulheres em dificuldades.
Em 1993 Anuradha fundou Ong Maiti Nepal, através da qual ainda ajuda muitas mulheres. O objetivo principal da entidade é resgatar e impedir que meninas e mulheres do Nepal e Índia sejam sequestradas e traficadas.
“São regiões pobres com altas taxas de analfabetismo. Se um membro da família ou amigo aparece e oferece um emprego, geralmente são os pais das meninas que as incentivam a ir, sem perceber o que está a acontecer realmente. É o lugar perfeito para os traficantes”, explicou Anuradha.
Atualmente, Anuradha tem 70 anos e continua realizando diversas campanhas de empoderamento feminino, conscienciatização e até treino físico de autodefesa.
Com a colaboração dos governos da Índia e do Nepal, Anuradha já conseguiu resgatar mais de 18 mil mulheres, ajudando-as a lidar com traumas de experiências terríveis e proporcionando-lhes cuidados médicos, até porque muitas das jovens contraíram HIV.
“Imagine o que aconteceria se a sua filha estivesse lá. O que é que você faria? Como agiria? Você tem de ver cada mulher como sua filha. Quero uma sociedade livre de tráfico de pessoas. Espero consegui-la um dia”, disse Anuradha numa apresentação.
Anuradha é um verdadeiro símbolo do feminismo, e a sua coragem e altruísmo ajudaram a inspirar e a melhorar a vida de milhares de pessoas.

Fone: http://partilhado.pt

ENCONTRO ENTRE GRETA E MALALA FORTALECE MOVIMENTOS DE JOVENS ATIVISTAS AO REDOR DO MUNDO


Esta terça-feira (25/fev) já pode ser considerada um dia histórico,  pois marcou o encontro entre Greta Thunberg e Malala Yousafzai, duas das principais vozes sobre direitos humanos e meio ambiente em todo o mundo. 

O encontro ocorreu na Universidade de Oxford, na Inglaterra, onde Malala é estudante. Greta viajou para o Reino Unido para participar de uma greve de estudantes do College Green, na cidade de Bristol, na qual fará um discurso na próxima sexta-feira (28).

Malala,  paquistanesa de 22 anos, foi a  mais jovem homenageada com o  Prêmio Nobel em 2014, por sua luta em defesa da educação,  quando  tinha apenas 16 anos. Greta, sueca de 17 anos, tem atuação destacada  na luta em defesa do meio ambiente, contra as mudanças climáticas. Chegou a ser indicada para o Premio Nobel da Paz em 2019. Não ganhou, mas foi novamente indicada e poder levar o Prêmio Nobel da Paz de 2020. 

Malala compartilhou a foto com Greta no Instagram e, em seguida, publicou a mesma imagem em sua conta do Twitter. Na mensagem, ela afirmou que Greta seria a única amiga pela qual faltaria um dia de aula.

Em setembro de 2019, Malala já havia mostrado sua admiração por Greta quando a jovem sueca de 17 anos foi a Nova York em mais um de seus protestos em defesa do meio ambiente. Na época, a paquistanesa twittou: "Estou muito feliz em ver que jovens mulheres ao redor do mundo estão liderando o movimento climático. Obrigado a garotas como @GretaThunberg por usar sua voz, falar a verdade e incentivar outros jovens a fazer o mesmo".

O encontro entre as duas jovens, maiores expoentes na luta pelos direitos humanos, principalmente educação e meio ambiente, serve de incentivo para outros jovens ativistas ao redor do mundo.

Felipe Caetano discursa na Conferência do UNICEF, em Nova York
No Brasil, o jovem Felipe Caetano, da cidade de Aquiraz-CE, é um dos maiores exemplos de militantes que seguem os caminhos de Greta e Malala, dada a sua atuação destacada na defesa dos direitos de crianças e adolescentes, principalmente no tocante à participação sociopolítica e a luta contra o trabalho infantil. Em 2015, quando tinha apenas 14 anos, ele procurou o Ministério Público do Trabalho no Ceará e propôs uma parceria com o Peteca para engajar os adolescentes na luta contra o trabalho infantil, problema que vivenciou na infância. Sua iniciativa resultou em centenas de encontros, oficinas, conferências e criação de vários comitês (nacional, estaduais, regionais e municipais). Ele liderou duas caravanas pelo Direito à Participação sócio-política de crianças e adolescentes na luta contra o trabalho infantil (Caravanas Nordeste e Sul/Sudeste). Em setembro de 2019 esteve em Nova York, numa conferência executiva do Unicef, representando, na ONU, todas as crianças e adolescentes do mundo exploradas no trabalho infantil. Fez um discurso emocionante para o mundo alertando sobre o problema. Em fevereiro de 2020 iniciou o curso de Direito na Universidade Federal do Ceará. 

Anna Luiza, no lançamento de seu 4º livro, em 2019
A jovem Anna Luiza Calixto Amaral, da cidade de Atibaia-SP, é outra ativista de destaque nacional. Ela realiza, há mais de uma década, um intenso trabalho na defesa do direitos da criança e do adolescente. Seu ativismo começou aos 8 anos, quando participou da primeira conferência sobre o tema em seu município e não parou mais. Em 2016 criou um projeto social ("0s cinco Passos"), por meio do qual já foram atendidos 470 mil crianças e adolescentes  em 14 estados brasileiros. Já publicou quatro livros voltados ao público infantil-juvenil e proferiu centenas de palestras sobre o tema em todo o Brasil. Atualmente, Anna é Conselheira do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente em sua cidade. É uma das mais jovens conselheiras do país. Em fevereiro de 2020 começou o curso de Ciências Sociais na Universidade Federal de São Paulo.

I ENAPETI - FUNDAÇAÕ DO CONAPETI
Em 2017, Felipe e Anna Luiza se encontram, em Fortaleza-CE, com adolescentes e jovens de todo o Brasil no I Encontro Nacional de Adolescentes pela Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil - Enapeti, e fundaram  o Comitê Nacional de Adolescentes e Jovens pela Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (Conapeti), a partir de articulação do Ministério Público do Trabalho no Ceará, por meio do Programa de Educação contra a Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente (Peteca).

CEAPETI-PI
A partir do Conapeti, foram criados comitês estaduais em 16 unidades da Federação, que seguiram o exemplo do Ceará, onde foi o projeto teve início, com a criação do primeiro comitê estadual, em março de 2016. Atualmente, existem dezenas de comitês municipais em funcionamento, principalmente no Ceará.

COMAPETI REDENÇÃO-CE

A iniciativa dos comitês de adolescente tem propiciado o engajamento de centenas de adolescentes e jovens na luta contra o trabalho infantil e em defesa dos direitos da criança e do adolescente em todo o Brasil, e proporcionado o surgimento de Felipes e Annas em vários cantos do país.  O encontro de Greta e Malala é incentivo para que esses jovens sigam, e para que outros entrem na luta em defesa dos direitos humanos, em todas as suas dimensões. 

domingo, 23 de fevereiro de 2020

"NÃO CHORA FILHA, PAPAI NÃO QUER TE MACHUCAR. SÓ ESTAMOS BRINCANDO!"

Quando eu tinha cinco anos meus pais se separaram. Nós morávamos com meus avós maternos. Depois da separação, minha mãe foi morar em outra cidade, com o novo marido, mas meu pai continuou conosco, na casa dos meus avós, para ajudar a cuidar de mim e de minha irmã, pois meus avós trabalhavam. Meu pai, eu e minha irmã dormíamos no mesmo quarto. Ele na rede, e nós na cama. Até aí tudo bem. Mas quando eu tinha 8 anos ele começou a abusar sexualmente de mim.

No começo eram apenas toques e carícias incomuns. Depois vieram beijos forçados e estupros. Naquela época eu que não tinha a menor noção de que aquilo era abuso sexual.  Na hora dos abusos, ele pegava minha irmã, já sonolenta, e colocava na rede. Ela não tinha percebia o que estava acontecendo, seja em razão do sono, seja em razão da idade, pois tinha apenas seis anos.  Eu chorava, mas ele abafava o som do meu choro colocando um pano na minha boca. Nunca esqueço da frase que sempre usava: “não chora filha, papai não quer te machucar. Só estamos brincando”.

Meu sofrimento era grande, mas eu não podia desabafar com ninguém pois ele me ameaça de morte, e dizia que iria fazer a mesma coisa com minha irmã.  Eu tinha muito medo. Eu não queria que minha irmã passasse pelo que eu estava passando.

Quando eu tinha doze anos assisti a uma palestra na escola tratando do assunto. Foi quando tive a certeza que o meu sofrimento tinha nome. Procurei minha professora e contei o que estava acontecendo. Ela falou para outra professora, e começaram os procedimentos. O caso foi levado ao conselho tutelar. Foram tomados os depoimentos e o processo está andando, a passo de tartaruga, como outros processos dessa natureza. O processo de meu abusador se arrasta há seis anos.  Ele nunca foi preso. Já teve audiência, ouviram as testemunhas, mas não teve o primeiro julgamento.  Sempre procuro saber do andamento do processo, mas o pessoal da justiça não dá muitas informações. No começo eu não estava acreditando muito, mas como apareceu outra vítima, agora acredito que um dia será feito justiça.

Depois que o caso foi revelado, ele saiu de casa. Cessaram-se os abusos, mas o sofrimento psicológico aumentou. Aumentaram as ameaças de morte. Ele passou a rondar minha escola. Mas não ficou apenas nas ameaças. Ele tentou me matar algumas vezes.

Foi difícil e continua sendo. Tive todo o apoio da escola, e do Conselho Tutelar, mas não tive apoio da família. O único apoio familiar que tive foi do meu avô. Ele continua me apoiando. Meus tios não falam muito sobre o assunto.  Entretanto, o que mais me dói é a falta de apoio da minha mãe. Mesmo sabendo que meu pai era violento, pois esse foi um dos motivos da separação, ela ficou do lado dele. Continuou sua vida lá no outro município. Nem ao menos se deu ao trabalho de ir me ver. Ao contrário, chegou a me ligar para dizer que se ele fosse preso e fizessem algo com ele na cadeia a culpa seria toda minha.

Ainda hoje me pego chorando, quando lembro do ocorrido. Sei que os traumas nunca vão passar.  O tempo ameniza a dor, mas a tristeza nunca vai embora. Durante muito tempo não conseguia ficar perto de pessoas do sexo masculino. Hoje já consigo ter amigos homens, mas não consigo ter relacionamentos afetivos. Já tentei. Cheguei a ter um namorado, mas não durou muito. Os traumas atrapalharam nosso relacionamento. Depois dessa experiência frustrada, não procurei me relacionar afetivamente com mais ninguém.

Depoimento de uma jovem de 19 anos. 

CHAMADA PARA A II MARCHA DE BELÉM CONTRA O TRABALHO INFANTIL

sábado, 15 de fevereiro de 2020

11 DESENHOS QUE MOSTRAM DOR, PAVOR E SOFRIMENTO DE CRIANÇAS ABUSADAS SEXUALMENTE

Todos nós ficamos indignados quando sabemos que uma pessoa sofreu violência sexual, principalmente em se tratando de criança ou adolescente. Infelizmente, muitas histórias de violência sexual contra crianças e adolescentes somente são conhecidas anos depois, quando a vítima se sente em condições de falar. Nos últimos anos tem sido cada vez maior o número de pessoas adultas que falam da dor, do pavor e do sofrimento que viveram na infância. São depoimentos fortes, que nos deixam muito tristes.

Por outro lado, também sabemos  que não é suficiente ficarmos indignados. Precisamos tomar iniciativa para cessar essas atrocidades, pois  no exato momento em que escutamos  o depoimento de um adulto, sobre a violência sofrida na infância, outras crianças estão sofrendo violências. E a história se repete, ano após ano, século após século. Milhares de crianças estão sofrendo hoje, o mesmo problema sofrido por outras crianças no passado. Se não tomamos uma atitude de prevenção agora, algumas  dessas histórias também serão testemunhadas no futuro. E a maioria não serão sequer conhecidas, nem no presente, nem no futuro. 

O que fazer então para ajudar essas crianças agora? Como fazer para cessar essas atrocidades? Como identificar os casos de violência sexual que estão acontecendo enquanto você lê essa matéria?

Existem muitos sinais que podem identificar que uma criança está sofrendo violência. No seu comportamento do dia a dia,  numa atividade escolar, numa roda de conversa,  na forma de brincar ou  na recusa das brincadeiras, na forma como a criança se relaciona com os adultos, ou na recusa de contatos com estes, é possível perceber esses sinais. 

Uma das formas adotadas pelos psicólogos é a observação dos desenhos das crianças. Desenhar é uma das atividades favoritas das crianças durante boa parte da infância. Muitas delas se divertem e esquecem-se do tempo enquanto deixam a imaginação ganhar forma através do papel e do lápis. Coloridos ou não, os desenhos, por mais simples e singelos que possam parecer, ajudam no desenvolvimento da criança durante os primeiros anos de suas vidas. Além das vantagens e benefícios do ato de desenhar já conhecidas, os desenhos podem ser uma grande fonte de informações sobre a criança.

Os traços desconjuntados ou os bonecos disformes podem trazer revelações chocantes sobre experiências das crianças. Em uma exposição comovente, psicólogos e psiquiatras revelaram a triste realidade de crianças que foram abusadas através dos relatos feitos por elas mesmas através de desenhos. Muitas delas tinham vergonha de contar o que haviam sofrido nas mãos dos abusadores, por isso os profissionais usaram o método dos desenhos para identificar verdadeiramente os traumas sofridos pelos pequenos. 

Em 2016, o blog Reflexão em Movimento publicou desenhos e histórias que mostram a dor, o pavor e o sofrimento de 11  crianças abusadas sexualmente. Além da indignação, essas histórias devem nos levar a uma profunda reflexão sobre o tema e nos inquietar na busca por uma solução do problema. Veja os desenhos e leia as histórias nesse link. Após, faça um comentário neste blog, deixando sua sugestão. O que você propõe aos atores da Rede de Proteção?





sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

UM MUNDO NOVO É POSSÍVEL

Nesta sexta-feira (14/set) a jovem Anna Luiza Calixto Amaral deu mais um importante passo na sua brilhante carreira de militante e defensora dos direitos humanos de criança e adolescente. Assumiu o cargo de Conselheira do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) de Atibaia-CE, como representante da Secretaria Municipal de Educação. O simples fato de ocupar um cargo tão importante, com apenas 19 anos, por si só, já chama atenção. Mas esse aspecto é apenas um dos muitos fatores que tornam esse acontecimento muito especial para a luta dos direitos da criança e do adolescente. Anna é a prova inconteste de um mundo novo é possível, se assegurarmos a participação sociopolítica a todas as crianças e adolescentes. Este blog tem noticiando, nos últimos anos, a trajetória dessa jovem ativista. Para quem ainda não conhece essa história,  registramos, aqui, alguns momentos que marcaram sua caminhada.

A primeira conferência

O primeiro marco imprescindível para construção crítica dessa jovem, enquanto ativista pela infância e adolescência, foi a sua participação inicial em uma Conferência Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Atibaia, no ano de 2008. Esta ação cominou num  momento de destaque: o Encontro Lúdico Estadual DCA, sediado no ano de 2010 por Bragança Paulista, em que foi eleita delegada estadual e passou a compor as Comissões Organizadoras das Conferências do Estado de São Paulo aliadas ao Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente. O mote para o evento foi justamente o título desta matéria: "Um mundo novo é possível!". Desde então "levo este pontapé inicial como motivação para a construção coletiva de um Brasil menos dessemelhante e mais justo para nossos meninos e meninas", destaca Anna Luiza.

O primeiro livro

Ainda em 2010, quando tinha apenas 10 anos, Anna Luiza escreveu seu primeiro trabalho literário: O Espelho Mágico, publicado em 2011, com o apoio da Secretaria de Educação de Atibaia. O livro foi na lançado na Escola Municipal de Ensino Fundamental Maria Helena Faria Ferraz, onde Anna estudava, onde o material foi reproduzido e distribuído.  "Este passo foi determinante para a compreensão de que a literatura poderia levar minhas palavras a espaços que a minha voz, na época, não alcançava", afirma Anna.

A transição criança/adolescente

Em 2012, após ter percorrer as etapas das Conferências de Direitos da Criança e do Adolescente Anna participou da Conferência Nacional. "Foi uma luta inarredável que travamos por conceber que não havia sentido senão uma lógica adultocêntrica de opressão em proibir a participação pró ativa de crianças em uma ação pensada para elas, não obstante sem elas", relembra.

Por coincidência, a jovem viveu duas fases de sua vida  durante Conferência Nacional:  "participei como criança e passei para a minha transição como adolescente na própria Conferência, em que comemorei meu aniversário de doze anos", relembra Anna Luiza. Mais simbólico impossível. Foi um momento especial e necessário para sua integração com os demais movimentos de jovens pela infância que aconteciam pelo Brasil. "Deixei de me sentir como um beija flor apagando o incêndio apenas com o que pode carregar no bico", relembra. 

A palestrante Em 2013, durante a semana municipal pela prevenção e combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes, a jovem foi convidada a palestrar sobre o assunto para a rede de proteção local.  "Na época sequer vislumbrava a importância que teria e como reverberaria dali a frente". Este momento desencadeou para que ela se desenvolvesse como Palestrante. A partir dessa iniciativa, pôde conhecer muitas realidades distintas e a pluralidade de um Brasil que só vivia seus meus cadernos. "Realizo-me diariamente ao levar minhas palavras comigo por onde vou e sou ainda mais feliz por motivar mais pessoas a fazer o mesmo", destaca.

Palestrar sobre as pautas, agendas e demandas dos direitos humanos em um país que vive tempos tão perversos como o nosso, é não apenas transformador. Para Anna tudo isso representa, também,  "um ato político de resistência" que nos leva a celebrar e olhar adiante a participação sócio política de crianças e adolescentes na luta por aquilo em que acreditam e por aquilo que precisamos.

A interação com as crianças

Conforme nos ensina Paulo Freire, "precisamos aproximar nossa teoria da nossa prática até o ponto em que ambas são uma só". Compartilhando desse entendimento, Anna sentiu a necessidade  de ter um contato mais vivo e próximo com as crianças e adolescentes que ela tanto defendia ao lado de adultos. A pauta da participação sócio política de crianças e adolescentes trata de representatividade. Por isso, buscou construir  uma ferramenta de cidadania itinerante para se aproximar dos seus pares e convocá-los para a luta! "De que adiantaria preparar a rede de proteção para se adaptar e receber o protagonismo infantojuvenil se não estávamos aliados aos meninos e meninas para que eles se apropriassem dos espaços e compreendessem o impacto de suas vozes?", indaga a jovem ativista.

Os Cinco Passos

Assim, através de uma ação pontual em um Projeto Social de  uma cidade vizinha à Atibaia, percebeu que o contato com crianças e adolescentes na prevenção e combate às violações de direitos elementares que as impactam era mais do que necessário, mas apaixonante. E, a partir desta perspectiva, escreveu o Projeto Os Cinco Passos. Em 2016, contou com apoio do CMDCA de Atibaia e a Secretaria Municipal de Educação para tirar o projeto do papel. O Projeto "preserva o caráter prático, dinâmico, lúdico, informativo e dialógico no contato com crianças e adolescentes, levando o ECA para as salas de aulas e desmistificando a rede de proteção como imprescindível aliada na nossa luta", avalia a jovem. 

Nesses quatro anos, Os Cinco Passos já atendeu a mais de 470 mil crianças e adolescentes em quatorze estados brasileiros, tornando-se parceiro do Peteca/MPT na Escola, passando a encampar o mapeamento e a identificação de violências, transformando o território escolar em muito mais do que um polo conteudista, mas em um campo aberto de aprendizagem, bem como de termômetro para violações sintomáticas que se manifestam neste espaço, consoante avaliação de sua autora: "hoje o Projeto também atua em capacitações para a rede protetiva e para a educacional, construindo institucionalmente as práticas de acolhimento e inovação para a participação destes meninos e meninas", avalia Anna Luiza. 




Há exatos 10 anos Anna participava de um encontro lúdico no Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente de São Paulo - CEDCA/SP (foto acima) que versava exatamente sobre a possibilidade de um mundo novo a partir da participação das crianças e adolescentes na deliberação e no monitoramento das políticas publicas.


Nesses 10 anos de caminhada e militância ela alimentou a esperança de  milhares de pessoas, principalmente de criança e adolescentes que lutam por esse mundo novo.