A
tudo isso soma-se a preocupação com a educação formal dos estudantes. Governo,
instituições de ensino, pais e alunos tentam encontrar um meio de minimizar o
prejuízo com a interrupção do ano letivo.
A
solução encontrada: aulas a distância através da internet. Mas até que ponto
esta solução realmente alcançará os objetivos a que se propõe?
As
instituições de ensino, para evitar um prejuízo maior aos alunos ou mesmo para
justificar, em parte, a cobrança de mensalidades (no caso das particulares),
seguem a determinação do governo de ministrar aulas on-line. Uma ideia
perfeita, não fossem as dificuldades comuns em orientações que vêm de cima para
baixo, sem considerar os obstáculos que todos conhecem de cor.
Há
cerca de três décadas o acesso à informação cresce de forma vertiginosa,
especialmente após a popularização da internet, agora ao alcance das mãos, num
simples toque de celular. Entretanto, a ideia de que todos têm acesso à
internet é uma utopia, principalmente em países como o Brasil, em que a distribuição
de renda é tão discrepante.
A
evolução da internet, porém, não foi acompanhada pelas escolas, de modo
especial as públicas, que não têm material didático adequado, nem oferecem
formação aos alunos e professores.
Cursos de atualização não têm como centro a utilização das mídias sociais para
ministrar conteúdos. Na maioria dos casos, o uso do celular dentro do ambiente
escolar é terminantemente proibido - por motivos óbvios -, quando poderia ser
um aliado nas pesquisas e trabalhos de sala de aula, como um complemento ao
livro didático.
E, no
contexto da pandemia, professores se viram obrigados a aprender, do dia para a
noite, como planejar, produzir e ministrar os conteúdos a distância, sem
recursos materiais além de um celular.
A
intimidade de seu lar, de repente, foi virtualmente invadida pelos alunos. A
família, obrigada a compreender que ali, na sala, no quarto, na varanda de
casa, já não podiam entrar ou conversar, pois poderiam atrapalhar a sala de
aula improvisada. Se é difícil para adultos, imagine para crianças, que
solicitam constantemente a atenção dos pais!
Do
outro lado da tela do computador ou do celular, está o elemento mais importante
da pirâmide educacional: o aluno. Algumas instituições com maiores recursos
disponibilizaram plataformas que possibilitam aos alunos assistirem às aulas ao
vivo, podendo até mesmo participar de discussões ou tirar dúvidas como se
estivessem em sala de aula. Tais aulas seguem o mesmo horário escolar e podem
ser acessadas novamente, pois ficam gravadas.
Mas a
maioria dos estabelecimentos não aderiu a tais modernidades, simplesmente
enviando exercícios (em grupos de pais ou de alunos), para que estes imprimam e
resolvam. Agindo assim, trazem às famílias mais um problema, pois nem todos têm
acesso a impressoras ou têm recursos para mandar imprimir. Os pais, com pouca
escolaridade ou já esquecidos de conteúdos estudados há tanto tempo, não
conseguem ajudar os filhos e tudo se transforma em mais uma preocupação e
despesa num momento de tantas incertezas.
E
aqueles alunos que não têm acesso à internet, seja por questões financeiras,
seja por localização geográfica? Estes? Ah estes ficarão à margem, mais uma
vez! Quem se lembra deles nos momentos de crise ou na rotina diária dos anos
escolares? Quem se importa se, neste momento, estão estudando ou trabalhando
para garantir um pouco mais de dinheiro no fim do dia? As aulas a distância só
aumentam o abismo que os separa das outras crianças e adolescentes.
Este
cenário, por outro lado, nos leva a refletir sobre a importância da presença do
professor junto aos alunos. É ele quem possui o conhecimento sistematizado do
conteúdo, possui as técnicas didáticas adequadas e a formação para identificar,
compreender e ajudar a sanar as dificuldades
dos alunos. É ele quem vai ao encontro dos alunos sem recursos, do aluno que
tem déficit de aprendizagem, ele é quem será a presença humana e afetiva em
sala de aula. Neste momento, muitos alunos e familiares estão descobrindo a
importância de se valorizar o professor e a escola, de modo geral.
Por
fim, a grande pergunta que todos se fazem: qual a validade dessas aulas? Quanto
valerão em termos de hora-aula e de real aprendizado? Tanto esforço para
planejar ou assistir às aulas, terão alguma validade? O ano letivo será mantido
ou cancelado?
Todas
essas questões nos levam a perceber que, mais uma vez, as soluções encontradas
para a educação no Brasil não passam de falácias que sobrecarregam professores,
responsabilizam instituições e família e não atingem eficazmente os alunos.
Andréa
Cammarota
Jornalista e
Membro do Amopeti - Adolescentes Mobilizados pela Prevenção e Erradicação do
Trabalho Infantil.
Professor,é a única profissão que realiza os sonhos de todos .Nunca tive dúvidas que professor tem que ser valorizado e respeitado .Sempre ensinei minha família a respeitar os professores .Tudo está a distância e isso mostra o quanto cada um é importante na nossa vida .
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