A
História de uma Triste História
E lá estava eu, com o meu querido avô
dando um passeio no fim da tarde, quando me deparei com uma cena que me chocou.
Uma criança trabalhando de sol a sol. Muitas pessoas poderiam me perguntar:
porque este susto tão grande? Sim, eu sei que o trabalho infantil é uma
realidade, porém nunca havia parado para pensar no quanto isso estava tão
próximo de mim, e que ao encarar essa situação teria uma reação tão incomum.
Vendo aquela reação tão inesperada diante de tal fato, meu avô recordou-se de
uma história e começou a contar.
Falava de um jovem casal que entre juras
de amor se separou porque ela estava grávida. O rapaz, assustado a deixou.
Estava eu, então me perguntando o porquê da contação daquela história, e o que
ela tinha em comum com a cena que havíamos presenciado. Afinal, em momento
algum ele citou algo relacionado à exploração do trabalho infantil! E
continuou: – “os meses se passaram e veio ao mundo o fruto daquele amor. Sem
meios para conseguir sustento e vivendo em condições precárias a mãe viu-se
obrigada a procurar trabalho. O menino cresceu e a renda ainda não era
suficiente para mantê-los, levando-o a trabalhar”.
Foi aí que entendi o entrelaçar dos fatos.
Ele prosseguiu falando que o emprego arranjado pelo menino foi oferecido por um
homem de boa condição, e que usava crianças para realizar trabalhos pesados em
suas plantações. O garoto via ali a oportunidade de ajudar sua mãe nas
despesas. Destino ou não, aquele homem era seu pai.
Fiquei perplexa com o que acabara de
ouvir. - Mas, como você sabe disso? E naquele momento, lágrimas teimavam em
cair de seus olhos. Entre soluços continuou: - Querida, eu vivi essa história.
A criança abandonada pelo pai sou eu...
Ver aquela cena partiu-me o coração, pois
desde o começo já estava angustiada diante do fato presenciado, e não consegui
esboçar nenhuma reação, a não ser enxugar suas lágrimas que já se confundiam
com as minhas.
Voltamos para casa. Deitei-me e ainda
assustada pus-me a pensar... Sempre soube da existência desse problema social,
mas, saber que isso já aconteceu com alguém tão próximo a mim, me fez refletir
bastante sobre o assunto. Quantas vezes meu avô comparou-se com as outras
crianças? Quantas vezes sentiu falta da presença afetiva da família, de um
carinho? Da infância que lhe foi tirada? Agora posso perceber como a exploração
infantil pelo trabalho pode afetar e deixar marcas não só na vida de uma
criança, mas também na de um adulto, pois uma infância roubada, apesar de não
vivida, fica sempre na memória.
Depois
de tudo vejo que posso sim, colaborar para que outras crianças não tenham que
passar por situação semelhante à de meu avô. Colocar-me no lugar das pessoas
que encaram essa realidade e ter em mente que a denúncia é o pontapé inicial
para resgatar uma infância perdida, assim, essa realidade pode ser modificada e
só depende de nós!
Alunas:
Ingrid Magalhães Arruda
Maria Madalena Cardoso da Frota
Nicole Dourado de Morais
Professora:
Gláucia Oliveira Gouveia
Diretor: Haroldo Alves de Carvalho
Coordenação Pedagógica: Maria Inês da Rocha
Sílvia Cristina Rodrigues
Lídia
Maria Rodrigues Ribeiro
E.
E. F. Monsenhor José Carneiro da Cunha
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