Diário
da Menina de Boné Vermelho com Sonho de Infância
Minutos
atrás saí a correr na rua tentando alcançar uma pessoa que não conheço, pois
ela deixou cair no chão um pequeno caderno cheio de rabiscos. Infelizmente não consegui alcança-la e por
curiosidade comecei a ler o diário: -
Querido diário! Hoje foi mais um dia de pura humilhação. Estou muito cansada e
queria brincar um pouco, pois minha idade permite. Mas não acredito em contos
de fadas, apenas em parte, a história em que a Cinderela é escravizada como eu
e não ganha nada por esse trabalho.
Ponho-me
a chorar por não acreditar que em pleno século XXI, ainda exista esse tipo de
coisa e continuo lendo:
-
Aos doze anos de idade só sei escrever porque encontrei alguns livros jogados
em uma esquina, por curiosidade em pouco tempo tive como professor um morador
de rua. Minha mãe está muito doente e meu pai nos abandonou, acordo cedo todos
os dias e vou trabalhar numa feira aqui perto, pois meu padrasto não dá moleza.
Sonhar? O que é isso? Muitos dos meus colegas acham ruim estudar, como eu
queria ter a oportunidade de pelo menos uma hora estudar com um professor de
verdade.
Cada
segundo é importante na vida de qualquer ser vivo. Essa menina de boné vermelho
perdeu uma fase muito importante de sua infância, pois sua única opção é
trabalhar e ajudar a família. Apressar os acontecimentos trazem consequências
desastrosas como: um homem analfabeto, sonhos de infância interrompidos,
acidentes de trabalho, entre outros.
Fatos
contados em novelas, filmes e livros até parece mentira, porém só sabe dessa
dura realidade quem vive. O lado lindo e perfeito da vida é aquele em que são
fechados os olhos para a realidade. Aqui bem no interior da região Centro Sul
do Ceará, temos escravos mirins, crianças sem visão de futuro.
Portanto,
não fico calada e grito:
-Trabalho
infantil é crime.
Guardo
como recordação e uso como apelo as palavras escritas ao final do diário
daquela menina do boné vermelho:
-
Ser feliz é para quem é rico e tem a oportunidade de estudar.
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