quarta-feira, 2 de setembro de 2015

PRÊMIO PETECA 2015 - SEMIFINALISTA - POESIA DE CORDEL - ITATIRA

O Sonho de Antônio

Amigo me dê licença
Que agora vou apresentar
Uma história bonita
De ouvir e apreciar
Isso é fato real
E o autor não pode negar
       
Morava em um lugarzinho
Perdido no meio do nada
Uma família humilde
Que sonhava com  contos de fada
Viviam só do trabalho
Sonhando com uma casa
         
Do maior ao mais pequeno
Todos os dias o pai acordava
Dizendo-lhes:  está na hora
E ninguém revidava
Se um deles se atrevesse
Logo uma surra levava
   
As pobres criaturinhas
Trabalhavam de sol a sol
Arrancar toco, limpar mato
Debulhar milho no paiol
Para apanhar algodão
Usavam uma tipóia de lençol

Todos daquela família
Eram felizes em ser agricultor
Exceto o garoto Antonio
Que sonhava em ser promotor
Mas o pai logo dizia
Já viu filho de pobre ser doutor?
        
E continuava dizendo
Chegando até humilhar
Filho meu não deixa de pra roça
Para ir estudar
Nunca coloquei panela no fogo
À custa do educar
    
Antonio muito choroso
Mas também muito obediente
Sai chorando baixinho
Fingindo está contente
Não deixava transparecer
Que sofria amargamente
      
Chegando no trabalho
Tratou logo de se afastar
Dos outros seus irmãos
Para do mesmo não zombar
Ajoelhou-se no chão
E começou a soluçar:

De repente uma luz
Muito forte veio a brilhar
Ele ficou muito intimidado
Mas ouviu uma voz falar:
Não tenhas medo menino
Estou aqui pra lhe ajudar

Por que estás tão triste?
Não é hora de brincar
Criança não tem problema
Só precisa estudar
Menino da sua idade
É proibido trabalhar

De hoje em diante
Sua vida mudará
Colocarei na vida
Um anjinho pra lhe ajudar
Só precisa prometer

Que dele nunca esquecerá
Quando aquilo tudo passou
Antonio não quis acreditar
No que havia acontecido
Ali naquele lugar
Para saber se era verdade
Começou a se beliscar

Chegou onde estavam os outros
Cantava como um sabiá
Pulando de um lado para outro
E os irmãos não sabiam o que falar
Só pode é ter ficado louco
Ou o juízo o sol veio a cozinhar

Ao chegar em casa
Sua mãe veio lhe encontrar
Dizendo sabe filhinho
Seu sonho vai se realizar
Pois hoje mesmo tive um sonho
De como poder te ajudar

Ele disse mamãzinha
Tudo que eu quero é estudar
Se um dia eu me formar
Um emprego vou arranjar
E quando conseguir dinheiro
Uma casa eu vou te dá

Pois bem, disse a mãe:
Teus irmãos tu seguirá
Não seja nunca  o primeiro
Por último irá ficar
Naquele pé de juazeiro
Uma roupa pra te irei colocar

Quando forem bem distante
Fuja e a roupa vá  trocar
Depois vá correndo
Para a escola estudar
Não tenha medo meu filho
Quem estuda vencerá.

Logo o pai de Antonio
Percebeu a armação
E muito revoltado
Pensou em dar-lhe uma lição
Enquanto comer do meu pirão
Prova do meu cinturão

O tempo foi se passando
E Antonio ia crescendo
Com a ajuda de sua mãe
O mesmo ia vencendo
Buscava dia e noite
O tal conhecimento

Antonio aos 16 anos
Passava o dia a trabalhar
A noite pedia carona
Para poder estudar
As vezes estava tão cansando
Que começava a cochilar

Sua mãe mulher guerreira
De tudo ela tentava
Fazia remédio caseiro
Assava bolo na brasa
Vendia e o dinheiro
Para o filho ela dava

O tempo passou
E Antonio se formou
Tudo que ele queria
Era ser promotor
Não conseguiu
Mas conseguiu ser professor

Hoje ele procura
Ser um multiplicador
Dos direitos e deveres
Sendo um facilitador
Trabalhando sempre o ECA
Mostrando o seu valor

Termino essa história
Fazendo  apelação
Aos órgãos competentes
Que regem a nossa nação
Ajudem as nossas crianças
O futuro da nação






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