João
e o Fim da Exploração
Fazenda Esperança
Era o nome da cancela
Onde morou uma criança
Abandonado por Marcela
Ele se chamava João
E gostava de
brincar
Mas sofria exploração
Trabalhava sem parar
Não ganhava um tostão
Nem podia estudar
Essa era sua sina:
Acordar cedo, ir pra roça,
Dar água aos bichos, encher a tina
Levar
capim na carroça
Muito cedo da matina
Dos brinquedos
que brincava
Nenhum era moderno:
Uma enxada, um facão
Um toco de lápis e um caderno
Seus grandes
companheiros
No caminho da solidão
O caderno ele achara
Pertinho de um lixão
Dai, pensou alto:
Eu vou ter Educação!
Menino muito pequeno
Tinha dez anos de idade
Mas queria estudar
Mudar sua realidade
Vontade não faltava
Mas o trabalho
impedia
E no caminho da roça
Sonhava todo dia
Nunca mais guiar carroça
Sair dessa agonia
Como toda criança
João era esperto
Não perdeu a esperança
E falou com seu Noberto
Que queria estudar
Numa escola ali perto
Seu Noberto, o patrão
Dono da fazenda
E do arado
Sequer ouviu João
Seu negócio era renda
Com a cabeça de gado
O garoto entristeceu
Ficou muito chateado
Mas não amoleceu
O recado tava dado:
Ele iria estudar
E ser grande advogado
Depois de algum tempo
E muita aguniação
Falou com Soledade
Mulher do patrão
Que queria ir à escola
E ter boa educação
Soledade, generosa
Esposa muito bondosa
Ouviu o caso de perto
Alegrou-se e logo disse:
- Menino cê é esperto!
Era muito sofrimento
Pra um só João
Muita dor e
lamento
Pra ser um cidadão
Mas esse julgamento
Não estava em sua mão
Um dia, Noberto deitado
Soledade catando feijão
Falou para o marido
Do sonho de menino João
O homem virou de lado
Deu-lhe nenhuma atenção
Ela deu um grande salto
Levantou-se e falou alto:
- Homi cê abestado
Esse menino João
Vai ser nosso adêvogado
E o futuro da Nação.
Naquele momento
Já estava decidido:
Nem dor, nem tormento
De João, o sofrido
E logo sem demora
Não tinha outra saida
Era ordem da senhora
Se não fosse comprida
Noberto quem ia embora
O homi logo acatou
Ela mesma se encarregou
De contar a novidade
Um jantar preparou
Chamou a comunidade
O menino se assustou
Tamanha
felicidade!
O tempo foi passando
Noberto faleceu
Soledade, velha ficando
João logo cresceu
O garoto estudou
Advogado se formou
No dia do juramento
Como
agradecimento
Jurou a
Soledade
Ajudar na comunidade
E assim tem feito
Como muita dedicação:
Trabalhando numa ONG
Que combate a exploração
Tirando menino da rua
E dando educação!
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