Menino
de Rua
Longe
dali, numa cidadezinha pequena do interior cearense, morava José, Zezinho como
todos o chamavam. Entre nove irmãos, ele era o que mais trabalhava, nunca pôde
ir à escola. Não sabia o quão era bom ter coleguinhas, professores e poder
conhecer todas as letrinhas. Às cinco horas da manhã, tinha de acordar para ir
com seu pai à cidade, que ficava bastante distante da sua casa, para ajudá-lo
na lida de todos os dias.
Zezinho
trabalhava com aquilo que ninguém mais queria... era catador de lixo. Lá, ele
encontrava outros garotinhos da mesma idade que a sua. Oito míseros aninhos!
Apesar de disputar cada latinha encontrada com essas crianças, ele nem as
olhava no rosto, primeiro porque teria de suportar os gritos do pai que o
apressava, depois para evitar a dor de encarar o sofrimento presente em cada
olhar.
Sempre
que passava em frente à escola, ele parava no portão e ficava admirado
observando o colorido que havia ali. Eram muitas crianças que brincavam,
conversavam e se divertiam. Num desses dias, Zezinho pediu ao pai que lhe desse
de presente uma escola e ouviu, amargamente, do pai que ele não nasceu para ser
gente. Aquelas palavras transformaram-se em lágrimas nos olhos do garotinho,
que, em silêncio, continuou a catar tudo que via pela frente.
Em
casa, suas sete irmãs ajudavam a mãe também no pesado serviço. Uma lavava a
louça, outra costurava e as demais faziam tantas coisas. E tinha o caçula de
apenas 6 meses, que só chorava. As mulheres também ajudavam na roça, iam com o
pai quando tinha algo para fazer. Zezinho também ia. Mas o roçado já não
oferecia grandes coisas, a seca assolava cada vez mais o sertão e o que se
plantava já não era produtivo.
E
assim, seguia a vida de Zezinho e sua família, mas ele tinha a esperança que um
dia mudaria. Frequentes foram as vezes que sua mãe o encontrou de joelhos
fazendo orações e pedindo ao Padre Cícero a intercessão para que seu destino
mudasse. A mãe em silêncio chorava sem nada dizer, nenhuma palavra de consolo
se ouvia daquela mulher. O futuro era incerto, entretanto para aquela mãe a
certeza era uma só: nada mudaria porque até ali não havia mudado.
Certa
época do ano, é comum as família sertanejas fazerem romarias. Numa das romarias
ao Padre Cícero, a família de Zezinho vai a cidade de Juazeiro do Norte fazer
preces ao Santo Padre. Em meio a tantas pessoas, o menino se perde e, apesar
dos pais o procurarem desesperadamente, não o encontraram, ou melhor, ele não
se deixou encontrar. Pensava Zezinho que, ali, uma nova vida o aguardava, que
aquilo que ele tanto sonhava seria conquistado. A família volta para casa e
para sempre carregará a dor de um filho perdido e Zezinho passou, então, a
conhecer o fatal destino de um menino de rua. Agora sem pai, sem mãe, sem um
lar e também sem o sonho de um dia ter uma escola.
Alunos: Cícera Vitória Almeida da Costa
Laysla de Sousa Roseno
Profª. Ivaneide Gonçalves de Brito
Escola Batistina Braga
Assaré-CE
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