quarta-feira, 2 de setembro de 2015

PRÊMIO PETECA 2015 - SEMIFINALISTA - CONTO OU POESIA - TIANGUÁ



 A Boneca Esperança


Era uma vez, uma costureira chamada Ritinha, que dedicava seu tempo confeccionando bonecas de pano. Ao produzir cada boneca, vinha a sua memória tudo que lhe aconteceu na infância, pois trazia consigo marcas de um passado doloroso, que roubou a fase mais linda de sua vida.
Porém, apesar de tudo que lhe acontecera, trazia dentro de si algo que poucas pessoas têm. Tinha esperança de contribuir para um mundo melhor, pois não desejava que outras crianças vivenciassem aquelas tristes experiências que lhe causaram tanta dor e sofrimento.
Ao final de cada dia, apreciava aquelas lindas bonecas que tanto desejou tê-las. Mas houve um dia especial, que algo extraordinário aconteceu. Nesse dia pensou em fazer uma boneca parecida com ela na época de sua infância. “Alguns detalhes vou fazer diferentes, vou fazer a boneca sorrindo com uma linda aparência de uma criança feliz.”, pensou ela.
Então chegou o momento de iniciar seu lindo e delicado trabalho. Ao fazer o tronco e as perninhas, lembrava-se das marcas que trazia em seu corpo, pois trabalhava numa carvoaria. Ao costurar os pés e mãos, inevitavelmente passava como um filme seus braços e mãos queimadas e calejadas. Ao terminar a cabeça da boneca, lembrou de seus lindos cabelos louros e encaracolados, porém escurecidos com a cor do carvão. Também lembrava de seu rostinho que trazia uma triste aparência de lágrimas misturadas ao pó que soltava da madeira queimada. Por fim, vestiu-a com um lindo vestido, com babados e fitas coloridas. Aquele vestido que sempre sonhou em vestir, pois o seu era sujo e rasgado.
As lembranças vieram tão fortes que as lágrimas escorriam pelo seu rosto inconsolavelmente. Foi então que um momento mágico aconteceu. As lágrimas caíram sobre a boneca e causaram um efeito especial. Aquele objeto que foi criado como uma representação de uma infância desejada, passou a ter vida.Então ficou muito assustada ao ver Ritinha chorar.
Muito emocionada e admirada, Ritinha contou tudo que lhe acontecera. Assim, a boneca mesmo com o coração de pano, ficou muito sensibilizada e falou que juntas iriam lutar para trazer alegria e uma vida digna para outras crianças que ainda vivem nessas condições.
Planejaram abrir uma fábrica de bonecas que pudesse gerar renda para as famílias carentes daquela cidade. A partir desse momento, as crianças daquele lugar, que trabalhavam para garantir a própria sobrevivência, passaram a viver como criança: brincando, sorrindo e estudando.
E aquela linda boneca não poderia ser chamada de outro nome, a não ser de Esperança.



Alunas: Ana Lívia Gomes
Maria Tassiane Santos de Souza  



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