(crédito: Divulgação/Ministério da Justiça) |
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) e
polícias militares fizeram o resgate de 69 crianças e adolescentes vítimas de
exploração sexual ou em situação de vulnerabilidade em pontos de rodovias
estaduais e federais. As ações, ocorridas entre o dia 14 de maio e esta
sexta-feira (28/5), foram integradas entre os ministérios da Justiça e
Segurança Pública e da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, e resultou em
126 prisões em todo o país.
Foram duas operações, uma em rodovias
estaduais (Operação Parador 27), envolvendo também as polícias militares, e
outra em rodovias federais (Oneesca IV). No caso da primeira, foram resgatadas
38 crianças nessas situações. Já na Oneesca IV, foram 10 crianças e
adolescentes em situação de exploração sexual de 21, em situação de vulnerabilidade.
Neste caso, são jovens em pontos vulneráveis, como postos de combustíveis, sem
a presença dos pais.
O secretário de Operações Integradas,
Alfredo Carrijo, explicou que a PRF já tem essa como uma operação permanente, e
agora o Ministério da Justiça vislumbrou a possibilidade de fazer uma
integração, com apoio da PM e do MMFDH. Segundo ele, o escopo da operação é
muito mais em caráter preventivo do que repressivo. “É muito importante para o
Ministério da Mulher ter esse mapeamento dos pontos críticos em território
nacional, onde pode ocorrer essa exploração sexual. Os objetivos seriam
prevenir e reprimir exploração sexual, intensificar a fiscalização e fazer a
integração”, afirmou.
Questionado se esperava um resultado
mais expressivos, com mais crianças resgatadas, o ministro da Justiça, Anderson
Torres, afirmou que esperava o número “zero”. “Mas a gente sabe que a realidade
não é essa. Uma criança tirada de um momento desse, de uma violência dessa, a
gente já ganhou”, afirmou. Segundo ele, o importante é colocar serviços de
inteligência na atuação para acabar com as redes de exploração sexual,
inclusive na internet e em outras localidades, ao mesmo tempo em que se faz
trabalho repressivo e preventivo nas rodovias e nos bares, restaurantes.
“Locais em que essas crianças são
usadas. Isso a gente vai fazer constantemente. Quando sai numa operação de
prevenção, é muito difícil se medir os resultados, do que vai achar. Às vezes
encontra zero, às vezes encontra mil. Assim é com droga, com exploração sexual.
Acho que não tinha uma grande expectativa de número maior ou menor. É fazer o
trabalho, estar presente nesses locais e evitar que essas práticas ocorram”,
afirmou.
A ministra da Mulher, Damares Alves,
afirmou que após resgatadas, aciona-se uma rede de proteção, envolvendo
Conselhos Tutelares e a Secretaria de Direitos Humanos, para cuidar dessas
crianças e adolescentes. De acordo com ela, a intenção é desenvolver na pasta
pesquisas sobre a correlação do abuso sexual com o uso de droga, suicídio e
doenças mentais. A ministra ressaltou que nem sempre o abusador é também o
explorador. “A exploração econômica geralmente se dá na rua, nos motéis. O
abuso, em sua maioria, é dentro de casa. Tem que fazer essa diferença no perfil
do agressor”, afirmou.
DF
No DF, a Oneesca IV resultou em 10
pontos fiscalizados, mas não houve nenhuma pessoa resgatada. Ainda assim,
segundo o ministro, que já foi secretário de Segurança Pública do DF, a
situação na região é difícil. “Aqui, a gente tem feito um trabalho de
inteligência, rodovias, bares, restaurantes, boates, mas é um crime que ocorre
muito dentro de casa, em ambientes fechados, ocorre às vezes onde o estado não
consegue chegar, não consegue atuar de forma preventiva, e isso é muito grave”,
disse.
Segundo ele, por isso é importante
ações para incentivar a população a denunciar. Torres afirmou que talvez esteja
no momento de lançar uma campanha nacional sobre o assunto. A ministra Damares,
por sua vez, afirmou que não há crianças resgatadas no DF porque a Secretaria
de Segurança fez um trabalho extraordinário. “Quando eu vejo o zero no DF, meu
sonho é ver zero no Brasil inteiro”, disse.
Confira os números (até a última
quinta-feira, 27):
Operação Parador 27 (rodovias
estaduais) — indicadores parciais
80 pessoas resgatadas (dado até esta
sexta-feira, 28)
1.508 locais fiscalizados;
947 bares/casas noturnas
fiscalizados;
5.925 veículos fiscalizados;
11.943 pessoas abordadas;
2438 kg de droga apreendida;
84 pessoas presas
6.439 pessoas alcançadas
8 armas apreendidas
4.075 efetivo empregado
Oneesca IV (rodovias federais)
3.451 pontos levantados — 47% maior
que no biênio anterior;
470 pontos críticos;
60,5% pontos vulneráveis em áreas
urbanas;
44% dos pontos são postos de
combustíveis
1.109 pontos fiscalizados
11.712 pessoas alcançadas;
10 crianças/adolescentes resgatadas
em situação de exploração sexual;
21 crianças/adolescentes resgatadas
em situação vulnerabilidade;
42 pessoas detidas
Fonte: Correio Brasiliense
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