sábado, 25 de dezembro de 2021

Maria, Maria

 Maria Emanuely Gomes Lima*

Num pequeno povoado chamado Esperança, lugar tranquilo e pacato que quase não acontecia nada a não ser o que sempre acontece nos pequenos lugares. Pessoas no vai e vem, crianças brincando, mulheres nas calçadas a conversar, menino pulando, menina brincando de amarelinha... E assim seguia a vida daquele tão tranquilo lugarejo. Porém o lugar era pobre e quase todas as famílias retiravam da agricultura o seu sustento.

Os homens, como de costume, acordam cedo para ir para o roçado cuidar da plantação. Infelizmente, o hábito de tirar alguns filhos para ir trabalhar ainda era rotineiro na pequena Esperança. Com a pandemia, essa situação se agravou. Famílias estavam sem seu sustento, as crianças eram cada vez mais frequentes no roçado e distantes da escola.

Nesse lugarzinho, vivia uma menina meiga e gentil, que com pouca idade já sabia que podia mudar a situação de alguns colegas e daquela pequena comunidade. Maria era amiga de Júlia e Bento. Os dois eram irmãos e deixaram a escola para trabalhar na roça e ajudar no sustento da família, mesmo contra a vontade de dona Antônia. Porém, seu Raimundo, pai deles, dizia que era besteira eles estudarem, ele mesmo nunca tinha estudado e estava vivendo.

Incomodada com a situação, Maria queria ajudar seus colegas, mas aquela comunidade era tão pequena que poucas pessoas conheciam os direitos das crianças.

Foi aí que Maria, vendo a triste situação dos seus colegas, começou em casa a estudar sobre o direito das crianças e passar horas a pesquisar sobre esse assunto na internet. Quando a menina já estava ciente sobre, e sabendo que era contra a lei, resolveu reunir seus professores para debater o assunto e vê o que poderia ser feito para melhorar a vida daqueles pequenos.

Ela então foi à casa de seu Raimundo falar com ele, pedir que ele deixasse as crianças estudarem, porém foi inútil, ele a tratou muito mal dizendo que os filhos dele tinham que ajudar nas despesas e pronto.

Dias depois começava a saga para tirar Júlia e Bento daquela vida de escravidão.

O primeiro passo de Maria e sua turma foi falar com as autoridades e descobrir o melhor caminho. Organizaram campanhas e juntamente à câmara municipal foi feita uma lei para que fosse banido o trabalho infantil daquela cidade. Tempos depois, Júlia e Bento já tinham voltado à escola e tiveram a ideia de fazer um grande evento para conscientizar toda população e até mesmo os alunos. E Maria, agora, era referência naquele pequeno lugar, era voluntária e ajudava as autoridades a banir o trabalho infantil, dando palestras e fazendo eventos para sensibilizar as pessoas contra a exploração do trabalho infantil.


*Emanuely tem 14 anos. Em 2021 concluiu o 8º ano na Escola Detelvina Araújo Lima, do Município de Quiterianópolis – CE. Com esse texto, obteve o 1º lugar estadual no Prêmio Peteca 2021, na categoria Conto - Grupo 3 (referente aos alunos do 8º e 9º anos). 



Nenhum comentário:

Postar um comentário