Propercio Antonio de Rezende
1 – Mito
Para falar de mitos e verdades relacionadas ao trabalho infantil,
vejamos, primeiro, o conceito de mito. Todas as palavras ganham conceitos
definidos em determinados contextos. Assim, utilizaremos o conceito de mito,
não no contexto de estudos mais profundos como os estudos filosóficos ou
simbólicos da mitologia, mas no contexto da própria escola, uma vez que o
objetivo deste texto é auxiliar os educadores na compreensão da problemática da
exploração do trabalho infantil com vistas a abordar este tema com seus alunos.
Segundo o site
Brasil Escola, bastante conhecido dos professores, “mitos são histórias de
caráter popular ou religioso que tem como objetivo a explicação de coisas
complexas, que passavam do entendimento das pessoas comuns na época de seus
surgimentos” . Definições semelhantes serão encontradas também em outros sites
conceituados, como o UOL Educação ou Info escola
, ou em bons dicionários. Imaginemos, por exemplo, um ser primitivo que não tem
a mínima condição de compreender um raio. Ele cria, conscientemente ou não, uma
história que traz uma explicação para o raio, que passa a ser visto, por
exemplo, como a manifestação da ira de um determinado deus. Ainda que o ser
primitivo continue sem poder controlar o raio, o fato de agora compreendê-lo,
pois ele acredita fielmente na explicação mitológica, lhe traz algum conforto.
É interessante percebermos que o mito mantém uma ligação com a
percepção da realidade. O ser primitivo, no exemplo dado, não escolhe
aleatoriamente o raio como manifestação da ira divina, mas o faz, por conta
deste (o raio) ser algo que aparenta a ira, seja pelo seu poder de destruição,
pelo barulho que provoca etc. Também é importante perceber que, havendo o mito,
que não é real, ele passa a influenciar a realidade de maneira objetiva. Não é
verdade que exista um deus do trovão, mas, por conta desta história desprovida
de comprovação, o ser primitivo passa a mudar sua forma de agir, criando, por
exemplo, rituais em que busca agradar e acalmar o ‘deus do trovão’. Sabiamente,
disse Fernando Pessoa:
“Assim a lenda se escorre,
A entrar na realidade
E a fecundá-la decorre ”
Ou seja, o mito, mesmo não sendo verdade, cria verdades. Como diz
uma interessante e resumida análise do poema acima , “o mito, a lenda, fecunda
a realidade, gerando nela movimento e emoção”. Resumindo: o mito, ou a ideia
que está ‘na cabeça’ do ser humano, o faz agir de determinada maneira,
independente de esta ideia ser verdadeira ou não.
Voltando nosso olhar para a temática deste texto, o trabalho
infantil, mas considerando a análise do poder do mito de gerar realidade,
veremos que é exatamente isso que acontece com os mitos sobre o trabalho
infantil.
2 – Mitos e Trabalho Infantil
O conceito de mito, usado em relação ao trabalho infantil deve,
para sermos coerentes, ser relativizado. Não se trata de uma explicação para
algo sobrenatural, mas continua sendo uma explicação que, ainda que encontre
reflexos na realidade, não possui respaldo científico ou comprovação de ser
verdadeira. Mas, da mesma forma que o mito para o ser primitivo, os mitos sobre
trabalho infantil para nós hoje, causam transformações reais na sociedade,
pois, com base neles, uma parcela significativa da sociedade se pauta e toma
atitudes e posturas. Da mesma forma que o ser primitivo criava rituais para
agradar deuses cuja existência não podia provar, nós, hoje, tomamos posturas e
atitudes com base em mitos (informações não verdadeiras) sobre o fenômeno do
trabalho infantil.
Dando um exemplo, uma pessoa defende que os filhos devem trabalhar
desde cedo, porque isso será bom para eles. Ela se baseia numa crença (usada
aqui também como sinônimo de mito), para tomar esta decisão, sem ter a
preocupação de estudar a situação e comprovar, com base em fatos, se o trabalho
realmente fará bem para os filhos. Com base na sua crença, que não
objetividade, toma atitudes que terão consequências objetivas para os filhos.
Voltando ao poema de Pessoa, poderíamos dizer que o mito do trabalho infantil,
que está na cabeça do pai, ‘escorre’ para a realidade e a ‘fecunda’,
infelizmente fazendo nascer os prejuízos para o filho.
3 – Mito e Senso Comum
Se partirmos do conceito de senso comum apresentado no Dicionário
Houaiss da Língua Portuguesa, veremos que senso comum é um “conjunto de opiniões, ideias e concepções que, prevalecendo em um
determinado contexto social, se impõe como naturais e necessárias, não evocando
reflexões ou questionamentos” .
Certamente o leitor não demorará a perceber que há claras
relações entre senso comum e mito, na concepção apresentada acima.
A definição é clara ao dizer que o senso comum é construído em um
determinado contexto social, e, depois disso, se impõe como natural e
necessário. No caso específico do trabalho infantil, se considerado o contexto
anterior ao do mundo industrializado, podemos afirmar que havia uma situação de
trabalho instalada e caracterizada em uma realidade que difere totalmente da
atual.
Os filhos acompanhavam os pais na sua atuação laboral. Estes pais,
ou outros que os substituíssem por qualquer motivo, se tornavam verdadeiros
mestres e, à medida que a criança trabalhava, ela realmente aprendia uma
profissão. O pai, na pequena sapataria, por exemplo, numa relação, inclusive,
de convivência familiar e de transmissão de valores, formava um novo sapateiro,
transmitindo seu saber ao filho e o preparando para um futuro que, no mínimo,
garantiria a sua subsistência numa profissão semelhante a de seus antepassados.
Não havia uma relação de exploração do trabalho propriamente dita, mas de
formação, de convivência e de educação, tanto no aspecto profissional, como nas
questões dos valores e da ética.
Considerar hoje, num contexto totalmente diferenciado, que o
trabalho infantil é bom, por exemplo, para um empacotador num mercado, é
aplicar o senso comum, que se cristalizou no entendimento das pessoas, tomando
o trabalho como bom por si só, e, como diz a definição, desconsiderando a
necessidade de reflexões e questionamentos.
O exemplo dado não esgota a questão mas, como exemplo que é,
pretende ilustrar o processo de transformação do senso comum em verdade
estabelecida que, não tendo suporte na realidade e na reflexão, se transforma
em mito.
Se considerarmos que muitos dos pais das crianças que estão hoje
na escola trabalharam na infância e assimilaram o senso comum, ou os mitos em relação
ao trabalho infantil, desde muito cedo, não deve haver espanto ao percebermos
que estes pais defendem esta verdade, socialmente construída, querendo que seus
filhos trabalhem.
Por conta da sua vivência, conforme descrito acima, é aceitável
que os pais tenham esta postura. Ao contrário, não devemos aceitar com
naturalidade que nossos educadores, que carregam a responsabilidade de formar
seres humanos reflexivos, continuem apenas repetindo o senso comum ou os mitos
criados no passado, sem se debruçar sobre o conhecimento atualmente produzido
sobre a questão. Espera-se que os educadores numa atitude embasada no saber e
na reflexão, e coerente com o mundo em que vivem, possam se posicionar com
autoridade e com argumentação lógica e coerente sobre esta temática.
4 – Mitos e considerações
Abaixo são indicados alguns mitos comumente defendidos sobre o
trabalho infantil e algumas considerações sobre a realidade que eles ajudam a
encobrir.
Muitos
defendem que o trabalho ajuda na formação do caráter da criança. Há que se
refletir, porém, que o ambiente de trabalho, ao contrário da família ou da
escola, não tem como objetivo a formação do caráter ou a transmissão de
valores. No ambiente de trabalho espera-se que haja produtividade. Não se
trata, assim, de um local em que a formação da criança está no foco principal
das ações.
Na
escola, ou em programas e/ou projetos de atendimentos a crianças e adolescentes,
por exemplo, parte-se do princípio da existência de profissionais capacitados,
com qualificação e preparo para a formação profissional e cidadã das crianças e
adolescentes. Nos ambientes de trabalho, ao contrário, não há como garantir uma
convivência em que os valores e a preparação para o futuro estejam presentes. É
comum, neste ambiente, que ao invés de valores como cooperação e respeito, a
criança encontre situações de competitividade extrema, de valorização dos
resultados e lucros acima da valorização das pessoas, da exacerbada cobrança
por resultados etc., sem que haja oportunidades para a reflexão sobre estas
realidades que são, muitas vezes, naturalizadas.
4.2
– No trabalho a criança aprende regras e disciplina.
Da mesma forma que a construção do caráter
não deve ser delegada ao ambiente profissional, a aprendizagem de regras e de
disciplina deve se dar em ambientes focados nestas questões. Ao trabalhar, a
criança teoricamente aprenderá a cumprir horários, porém, este aprendizado se dará
por meio do controle dos superiores e da aplicação de penalidades (como
descontos de salários, por exemplo), e não de forma pedagógica sendo,
inclusive, estressante para muitas crianças e adolescentes.
Na escola, ou em projetos sociais, esportivos
e culturais, a aprendizagem acontecerá pelo diálogo, pela reflexão sobre os
reais motivos e a real importância das regras. A criança perceberá,
verdadeiramente, que regras são importantes para a convivência em grupo, para o
seu crescimento e para que os objetivos sejam atingidos podendo, sempre que
indicado, participar de reflexões sobre estas questões. Como dito acima, o
ambiente profissional é isento desta característica reflexiva, sendo
caracterizado pela pura imposição das regras.
4.3
– Trabalhar ajuda na manutenção da família.
Colocar a responsabilidade da manutenção da
família, mesmo que compartilhadamente, sobre crianças e adolescentes é,
inicialmente, uma inversão de valores. A lei brasileira é clara ao definir que
cabe à família a educação, a proteção e o amparo às crianças e, na falta de
condições para que as famílias o façam, cabe ao Estado o apoio familiar.
Esperar que crianças e adolescentes ajudem no sustento da família é retirar
esta responsabilidade de seus pais e do poder público, para colocar este fardo
sobre aqueles que deveriam ser protegidos.
Além disso, o trabalho de crianças e
adolescentes perpetua a pobreza destas famílias ao passo que, por trabalharem,
estas crianças e adolescentes não conseguem se preparar para assumirem postos
de trabalho que representem uma ascensão social para a família. Gera-se, assim,
um círculo vicioso em que as crianças que hoje trabalham, precisarão, no
futuro, do trabalho precoce de seus filhos. Crianças e adolescentes devem
estudar para terem, no futuro, condições de suprir as necessidades das famílias
que vierem a formar, sem explorar seus filhos, rompendo com o círculo vicioso
que hoje está instalado entre as famílias de classes sociais menos
privilegiadas.
4.4
– É melhor trabalhar do que ficar na rua.
A situação de rua é vista, em geral, como
perigosa para crianças e adolescentes, porém, responder a este problema com a
colocação precoce no mercado de trabalho não representa uma solução, mas a
substituição de um problema por outro, Ao tirar a criança da rua, para
colocá-la no trabalho, trocam-se os riscos que ela correria na rua pelos
prejuízos que encontra no trabalho precoce.
A resposta para este tipo de situação deve
ser a garantia de educação integral e a oferta de alternativas que realmente
ofereçam algo de bom às crianças, como projetos no contra turno escolar, nos
quais elas realmente se preparem para serem cidadãos produtivos e atuantes.
Responder ao problema da falta de políticas públicas com a colocação da criança
no mercado de trabalho é fazer, mais uma vez, com que a criança pague pela
ineficiência do poder público que tem a obrigação de oferecer estes serviços.
4.5
– Criança que trabalha será beneficiada pela experiência no mundo do trabalho.
As experiências que o trabalho precoce
possibilita às crianças e adolescentes são, praticamente em sua totalidade, de
pouco valor enquanto formadoras para a atuação profissional. Em geral são
atividades repetitivas, operativas, que não exigem raciocínio e que não
preparam nem para uma profissão específica e nem para se destacar no mundo do
trabalho.
Ao contrário, a participação em projetos de
âmbito cultural, social e esportivo faz com que a criança aprenda a conviver, a
trabalhar em grupo, a resolver problemas etc., além de oferecer condições reais
para que ela desenvolva a capacidade de se posicionar frente a grupos, de falar
em público, de se expressar, oferecendo, ainda, uma base cultural que servirá
como diferencial em situações futuras de seleção ou atuação profissional.
4.6
– A criança que trabalha com os pais aprende a profissão deles.
Inicialmente é preciso considerar se a
atividade realizada pelos pais realmente configura uma profissão. Recentemente
um promotor autorizou adolescentes a trabalharem como catadores de material
reciclável em um lixão, justificando ser correto os meninos “seguirem a
carreira das mães”[9],
citando que seria uma situação de aprendizagem. Ora, além de oficialmente não
existir, no Brasil, a profissão de catador de recicláveis[10],
é óbvio que a posição do promotor, em considerar esta atividade uma carreira
profissional, mantém estas pessoas na situação de risco que correm nos lixões,
desconsidera os prejuízos físicos e intelectuais destes adolescentes e
cristaliza a posição social destas famílias, impedindo que seus filhos se
preparem para ocupar melhores postos de trabalho no futuro.
Mesmo nas situações em que os filhos podem
realmente aprender uma profissão ao trabalharem com os pais, deve ser obedecida
a legislação brasileira em relação ao trabalho infantil, de forma a garantir
que não haja prejuízos físicos, intelectuais ou psicológicos a estes filhos. Se
um pai trabalha em uma serralheria, por exemplo, onde existem máquinas
perigosas, ele deverá ensinar a profissão aos filhos na idade em que estes
possuírem condições gerais e reais de exercê-la, ou seja, após os 16 anos.
4.6
– Criança sem ter o que fazer causa problemas.
Há muitas outras formas de manifestação deste
mito, como o famoso ditado “mente vazia, oficina do diabo”, sendo que todas elas
colocam o ócio ou a ausência de atividades (ou talvez a palavra mais adequada
seja ‘ausência de obrigações’), como algo prejudicial ao desenvolvimento da
criança. Mesmo entre as famílias mais abastadas é comum que as crianças tenham
agendas cheias e pouco tempo livre para brincar, ou mesmo para não fazer nada.
Existem vários estudos que afirmam que este
tempo livre é fundamental para o desenvolvimento da criança e para uma vida
saudável mesmo aos adultos, o mesmo valendo para a importância do brincar,
quando a criança, por meio das brincadeiras, contextualiza a sua situação no
mundo, dando significado para as coisas e crescendo também como pessoa. Outro
aspecto a ser considerado é que o preenchimento do tempo das crianças deve ser
valorizado e ter como foco o seu crescimento e o seu aprendizado. Neste
sentido, mais uma vez, utilizar o trabalho para este fim não é o mais indicado.
Se desejarmos que realmente a criança se desenvolva, o preenchimento de seu
tempo deve ser qualificado, com atividades culturais, esportivas, de
convivência familiar e comunitária e não com atividades de trabalho.
4.7
– Trabalhar não faz mal a ninguém.
Talvez este seja o mito, e a afirmação mais
absurda de todas. Todos nós conhecemos pessoas adultas que carregam prejuízos
por causa do trabalho. Quantos não possuem graves problemas de coluna por falta
de mobiliário adequado ao trabalho, surdez, prejuízo na visão, ou mutilações
por conta de falta de equipamentos de segurança etc. Se para o adulto o
trabalho pode fazer mal, ainda pior é situação para as crianças, pois os
equipamentos não são adequados a elas e nem o seu desenvolvimento físico,
intelectual e emocional é adequado para o trabalho. Um exemplo corriqueiro,
relacionado ao trabalho doméstico, diz respeito à altura da pia, do fogão ou ao
comprimento do cabo da vassoura. São equipamentos que foram feitos para serem
utilizados por pessoas adultas, com um mínimo de altura.
Por outro lado, mesmo quando a criança é
grande, estando aparentemente preparada para utilizar estes equipamentos, sua
formação óssea e/ou muscular ainda não está totalmente desenvolvida. Sendo
assim, um trabalho que seria correto, ou normal, para um adulto, em termos de
peso e esforço, por exemplo, pode causar danos irreversíveis a uma criança. E
para os que dizem: “eu trabalhei e não morri”, é preciso informar que mais de
seis mil pessoas morrem por dia, no mundo, por acidentes de trabalho, estando
as crianças entre as maiores taxas de mortalidade e danos irreparáveis.
4.8
– Se a criança estudar, não tem problema que trabalhe.
Além
de todos os prejuízos que o trabalho precoce causa à criança, como os prejuízos
físicos, independente dela estar estudando ou não, a criança que trabalha,
mesmo que vá para a escola, estará em condições de desigualdade para acompanhar
os estudos se comparadas com as que não trabalham. O trabalho, ainda que
realizado no contra turno escolar, trará prejuízos para a educação, pois esta
criança não terá tempo suficiente para descansar, para estudar em casa, fazer
tarefas ou trabalhos escolares, além de nunca poder participar de atividades
extras que a escola promova no contra turno das aulas, como passeios ou
visitas.
A
criança que trabalha vai para a escola cansada, se torna mais desatenta e tem
maiores dificuldades para participar das atividades intra e extraclasse.
Pesquisas mostram que a evasão escolar é maior entre as crianças que trabalham.
Da mesma forma, estudos focados no desenvolvimento e no crescimento econômico
de diversos países mostram claramente, que estes países investiram pesadamente
em educação em tempo integral e com qualidade. Não se tem notícia de algum país
que tenha se desenvolvido se aproveitando da força de trabalho de suas crianças
e adolescentes.
5 – Considerações
Finais
Certamente estes não são os únicos mitos que
circulam pelo imaginário e pelo senso comum da população brasileira em geral,
porém, eles são suficientes para ilustrar a importância de que, ao invés da
repetição impensada do que se ouve falar, é preciso que se analisem os fatos,
as pesquisas, as informações consistentes e de fontes seguras que existem sobre
a problemática da exploração do trabalho infantil.
Segundo o dramaturgo inglês Robert Oxton Bolt,
uma crença (considerada aqui como sinônimo de mito), não é somente uma ideia
que a mente possui, mas também uma ideia que possui a mente. Ou seja, é preciso
que educadores, e outros formadores de opinião e de cultura, estejam atentos
para não serem reféns de ideias e conceitos sobre os quais jamais pararam para
refletir ou estudar.
A cultura é uma construção social e, assim
sendo, pode ser reconstruída. Há que se considerar, num processo histórico
dialético em que se insere uma sociedade, que esta cultura não muda sozinha, e
nem rapidamente, porém, a mudança será apressada na proporção em que as
temáticas forem citadas, colocadas para discussão, refutadas e refletidas.
Ainda que uma criança, que hoje é vítima do trabalho precoce, não possa ter sua
situação transformada imediatamente, por conta de diversos fatores, entre eles,
certamente a ineficiência ou inexistência de políticas públicas, se esta
criança tiver consciência de que está sendo explorada, terá uma postura
diferenciada sobre sua realidade, não a tomando por sinônimo de normalidade e
não a reproduzindo com naturalidade.
O trabalho infantil não será erradicado, e a
cultura de aceitação desta prática não mudará, sem ações intencionais,
competentes, incisivas e permanentes, focadas na conscientização da sociedade e
na formação de uma nova opinião pública, baseada na realidade e não em mitos ou
no senso comum. A escola tem um papel fundamental neste processo, junto com os
demais operadores e defensores dos direitos de crianças e adolescentes. Estas
ações dão bons frutos, isso não se discute. Ainda que eles não sejam colhidos
pelas crianças e adolescentes que hoje trabalham precocemente, certamente serão
colhidos pelas gerações futuras.
[1] Ex-conselheiro
tutelar, Pós-graduado em Comunicação Social, Coordena os Cursos à Distância do
Centro de empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor da Fundação
Instituto de Administração. Atua como consultor para direitos da criança e
do adolescente e trabalha com capacitação para atores do Sistema de Garantia
dos Direitos da Criança e do Adolescente – properciorezende@uol.com.br
[4] http://www.infoescola.com/redacao/mito-ou-lenda/
[5] A palavra lenda é
utilizada, no poema, como sinônimo de mito.
[6] Disponível em < http://www.pessoa.art.br/?p=320> Acesso em 15 de outubro
de 2012.
[7] Os que desejarem podem
acessar em
<http://www.umfernandopessoa.com/an%C3%A1lises/poema-ulisses.htm>
Acesso em 15 de outubro de 2012.
[9] Veja matéria completa
em <http://www.istoe.com.br/reportagens/176151_TRABALHO+INFANTIL+LEGALIZADO>
Acesso em 15 de outubro de 2012
[10] Ver
<http://noticias.r7.com/economia/noticias/dilma-veta-regulamentacao-da-profissao-de-catador-de-material-reciclavel-20120111.html>
Acesso em 15 de outubro de 2012.
MITOS VERDADES QUE RETRATA A NEGLIGÊNCIA DO GOVERNO POR NÃO TRATAR COM SERIEDADE A CRIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA ADEQUAR E SOLUCIONAR ESSA REALIDADE, HOJE A VERGONHA DO NOSSO PAÍS E A SOCIEDADE QUE NEM SE QUER CONHECE E LUTA POR SEUS DIREITOS.
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